Os Lusíadas de Luís de Camões ilustrados por Carlos Alberto Santos |
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37-
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Porém já cinco
sóis eram passados
que dali nos
partíramos, cortando
os mares nunca
d'outrem navegados,
prosperamente
os ventos assoprando,
quando ua noute,
estando descuidados
na cortadora
proa vigiando,
ua nuvem que
os ares escurece,
sobre nossas
cabeças aparece.
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ua- uma | |
38-
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Tão temerosa
vinha e carregada,
que pôs nos
corações um grande medo;
bramindo, o
negro mar de longe brada,
como se desse
em vão nalgum rochedo.
"Ó Potestade
(disse) sublimada:
que ameaço divino
ou que segredo
este clima
e este mar nos apresenta,
que mor
cousa parece que tormenta?"
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Potestade-
Poder Divino;
clima-
região;
mor-
maior.
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39-
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Não acabava,
quando ua figura
se nos mostra
no ar, robusta e válida,
de disforme
e grandíssima estatura;
o rosto carregado,
a barba esquálida,
os olhos encovados,
e a postura
medonha e má
e a cor terrena e pálida;
cheios de terra
e crespos os cabelos,
a boca negra,
os dentes amarelos.
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válida-
vigorosa;
esquálida-
suja.
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40-
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Tão grande era
de membros, que bem posso
certificar-te
que este era o segundo
de Rodes
estranhíssimo Colosso,
que um dos sete
milagres foi do mundo.
Cum tom de
voz nos fala, horrendo e grosso,
que pareceu
sair do mar profundo.
Arrepiam-se
as carnes e o cabelo,
a mim e a todos,
só de ouvi-lo e vê-lo!
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de
Rodes estranhíssimo Colosso- refere-se à estátua de
Apolo em Rodes (dita "O colosso de Rodes") que foi uma das sete
maravilhas do Mundo Antigo.
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continuação do episódio do Adamastor | |||