Os Lusíadas de Luís de Camões

ilustrados por Carlos Alberto Santos

Canto I, estâncias 39-41

O Consílio dos Deuses- conclusão da fala de Marte e fim do Consílio.

39-
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"Que, se aqui a razão se não mostrasse
vencida do temor demasiado,
bem fora que aqui Baco os sustentasse,
pois que de Luso vêm, seu tão privado.
Mas esta tenção sua agora passe,
porque enfim vem de estâmago danado
(que nunca tirará alheia inveja
o bem que outrem merece e o Céu deseja)."
sustentasse- apoiasse;
de Luso vêm, seu tão privado- refere-se à origem mítica dos portugueses, de Luso companheiro (privado) de Baco;
estâmago danado- índole perversa, "maus fígados" (estâmago é o mesmo que estômago).
40-
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"E tu, Padre de grande fortaleza,
da determinação que tens tomada
não tornes por detrás, pois é fraqueza
desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
ao vento leve e à seta bem talhada,
lhe vá mostrar a terra onde se informe
da Índia, e onde a gente se reforme."
Mercúrio- mensageiro dos deuses;
onde a gente se reforme- onde os navegantes se recuperem.
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Como isto disse, o Padre poderoso,
a cabeça inclinando, consentiu
no que disse Mavorte valeroso
e néctar sobre todos espargiu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
logo cada um dos Deuses se partiu,
fazendo seus reais acatamentos,
para os determinados aposentos.
consentiu- concordou;
Mavorte- Marte;
néctar- bebida dos deuses;
fazendo seus reais acatamentos- fazendo vénias, reverenciando Júpiter.
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