Os Lusíadas de Luís de Camões ilustrados por Carlos Alberto Santos |
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ouvir | óleo de Carlos Alberto Santos (col. particular) | ||
17-
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"Eis aqui
se descobre a nobre Espanha,
como cabeça
ali da Europa toda,
em cujo senhorio
e glória estranha
muitas voltas
tem dado a fatal roda;
mas nunca poderá,
com força ou manha,
a Fortuna inquieta
pôr-lhe noda
que lha não
tire o esforço e ousadia
dos belicosos
peitos que em si cria."
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Espanha-
Península Ibérica;
fatal
roda- destino (roda do destino);
noda-
o mesmo que "nódoa".
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20-
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"Eis aqui,
quase cume da cabeça
da Europa toda,
o Reino Lusitano,
onde a terra
se acaba e o Mar começa
e onde Febo
repousa no Oceano.
Este quis o
Céu justo que floreça
nas armas contra
o torpe Mauritano,
deitando-o
de si fora; e lá na ardente
África estar
quieto o não consente."
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onde
Febo repousa no oceano- onde o Sol se põe;
floreça-
floresça;
Mauritano-
Mouro;
deitando-o
de si fora- expulsando-o de Portugal;
estar
quieto o não consente- não lhe dando sossego.
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21-
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"Esta é
a ditosa pátria minha amada,
à qual
se o Céu me dá que eu sem perigo
torne, com
esta empresa já acabada,
acabe-se
esta luz ali comigo.
Esta foi Lusitânia,
derivada
de Luso ou Lisa,
que de Baco antigo
filhos foram,
parece, ou companheiros,
e nela antão
os íncolas primeiros."
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acabe-se
esta luz ali comigo- se conseguir completar a viagem da descoberta
e voltar a Portugal, diz o Gama, já posso morrer!.. mas na
realidade talvez Camões, que escrevia estes versos na Ásia,
se referisse a si próprio sendo "esta empresa"
o próprio poema;
íncolas-
habitantes.
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ouça estas estâncias
(mal lidas)- para estudantes estrangeiros
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