Os Lusíadas de Luís de Camões

ilustrados por Carlos Alberto Santos

Canto I, estâncias 6- 7

Camões dirige-se a D.Sebastião,

a quem vai dedicar o poema.

     
6-
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E vós, ó bem nascida segurança
da lusitana antiga liberdade
e não menos certíssima esperança
de aumento da pequena Cristandade;
vós, ó novo temor da Maura lança,
maravilha fatal da nossa idade,
dada ao Mundo por Deus, que todo o mande,
para do Mundo a Deus dar parte grande;
bem nascida segurança da lusitana antiga liberdade- garantia da independência de Portugal
maravilha da nossa idade- assombro da nossa época;
fatal- determinada pelo destino;

que todo o mande- (castelhanismo) que em tudo manda; que tudo dispõe;

para do mundo a Deus dar parte grande- para conquistar muito do mundo pagão para a Cristandade.
   
7-
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Vós, tenro e novo ramo florescente
de uma árvore de Cristo mais amada
que nenhuma nascida no Ocidente,
cesárea ou cristianíssima chamada
(vede-o no vosso escudo, que presente
vos amostra a vitória já passada,
na qual vos deu por armas e deixou
as que Ele para si na cruz tomou);
tenro- jovem;
de uma árvore de Cristo mais amada- da linhagem real (europeia)  mais querida de Deus;

cesárea (kaiserlich)- denominação aplicada à linhagem real germânica, de onde a denominação "Kaiser";

cristianíssima- (très chrétien) auto-denominação dos reis franceses;

a vitória já passada (etc...)- a vitória na batalha de Ourique,
após a qual D.Afonso Henriques juntou às suas armas as cinco chagas de Cristo.
    - ouça estas estâncias (mal lidas)- para estudantes estrangeiros
 

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João Manuel Mimoso