A AGÊNCIA PORTUGUESA DE REVISTAS
  
ANOS DE OURO (1958-1962) - Parte II
 





por João Manuel Mimoso

 

 

Em finais de 1958 lia-se na Crónica Feminina um anúncio à publicação brasileira Você, "a revista com fotonovelas". As fotonovelas, espécie de histórias aos quadradinhos românticas baseadas em fotografias, eram conhecidas de revistas italianas (onde se desenvolveram e popularizaram), francesas, espanholas e brasileiras. No Brasil, a revista Capricho, da Editora Abril, vendia por esta época meio milhão de exemplares mensais...

Estes fenómenos não passavam certamente despercebidos a Mário de Aguiar: a 15 de Janeiro de 1959 a Agência publicou "Amor Diabólico", o nº 1 da Colecção Foto-Novela, "a única no género em Portugal". Com o formato da Crónica Feminina, uma fotonovela completa em 64 páginas em rotogravura e capa a cores de Carlos Alberto Santos, custava 4$00. Apesar do formato de revista tinha algumas características de livro, como por exemplo o facto de não indicar o nome da colecção na capa.

  
      
 

A Colecção Foto-Novela não indicava periodicidade, talvez porque os editores pensassem que, com aquele preço de capa e dada a novidade, melhor seria escoar cada número antes de publicar o seguinte evitando-se, assim, o risco inerente às publicações periódicas.

Mas as vendas devem ter sido animadoras porque logo no mês seguinte se alargou a oferta às faixas do mercado com menor capacidade económica: a 28 de Fevereiro de 1959 a Agência publicou o nº 1 da revista Foto-Romance, esta com periodicidade semanal. Com o formato da sua irmã mais cara, continha uma fotonovela brasileira em 20 páginas e custava 1$50. As capas, desenhadas por Carlos Alberto, constituíam uma novidade gráfica. Preparadas para impressão litográfica de baixo custo, a preto e uma cor, tinham no entanto uma estética atraente, que as fazia certamente notadas nos escaparates das tabacarias e das capelistas.

  
      
 

Durante Outubro e Novembro do mesmo ano a Crónica Feminina anunciou que o seu terceiro aniversário seria comemorado com uma surpresa. No número 157 de 26-11-1959 a surpresa foi revelada: tratava-se da primeira fotonovela portuguesa, publicada por episódios. A Crónica Feminina tirou 34.000 exemplares desse número.

"Casamento por Anúncio" tinha argumento de Vitoriano Rosa, produção de Mário de Aguiar, encenação de Alice Ogando e fotografia de Luís Mendes. A história, mesmo se inverosímil, é surpreendentemente livre das pieguices saloias que costumam caracterizar as fotonovelas: o jovem herdeiro de uma editora recebe um ultimato do pai- tem que deixar as noitadas de paródia e encontrar noiva no prazo de um mês, ou perderá a herança...

  
    
 

O jovem Alberto Mendes (assim se chama o personagem principal), apesar de sair cada noite com uma mulher diferente, descobre que não conhece nenhuma com quem admita a possibilidade de se casar e por isso põe um anúncio no Diário de Notícias: "Jovem alto, simpático e rico, deseja conhecer menina de bons sentimentos, mesmo pobre, para fins matrimoniais. Assunto sério".

Não quebrarei o suspense contando o curso da história, mas revelarei que o jovem Alberto é interpretado pelo desenhador José Antunes (sob o pseudónimo César Danaya), o pai pelo jornalista Abílio Abrantes e, como talvez tenham adivinhado, a editora em causa é a própria Agência Portuguesa de Revistas – de que as fotografias oferecem fascinantes imagens do interior, incluindo o célebre arquivo de todas as publicações editadas (à esquerda).

   
     
Carlos Alberto Santos interpreta o Professor Erik van Damm em "Amor Verdadeiro". Ao fundo vê-se a divisória de madeira da sala de redacção da Crónica Feminina
 

A partir desse número, a fotonovela tornou-se uma rubrica constante no semanário feminino. A directora, Milai Bensabat, não viu com bons olhos o que considerou ser uma degradação da qualidade dos conteúdos, mas Mário de Aguiar, com a segurança que lhe dava o conhecimento das experiências brasileira e espanhola, assegurou-lhe que a iniciativa ia de encontro às preferências do mercado, e tinha razão: um inquérito iniciado em Outubro de 1960 demonstrou que a fotonovela era a rubrica da Crónica que suscitava maior preferência... de facto suscitava mais do dobro dos votos da segunda rubrica mais popular!

Sob o impulso combinado das fotonovelas e da distribuição no Ultramar, a tiragem da Crónica Feminina subiu em flecha: no início de Fevereiro de 1960 já era de 50.000 exemplares; em Março 60.000;... em Outubro atingiu os 100.000 e em Novembro, um ano após a introdução das fotonovelas, 115.000 exemplares! Publicava-se então mais um episódio de "Amor verdadeiro", "fotografado nos estúdios da Crónica Feminina com a colaboração de um simpático grupo de leitores"...

  
     
 

Em 1958 a Agência Portuguesa de Revistas tinha inaugurado uma delegação no Porto, com vista a melhorar a distribuição no Norte. Talvez com o incentivo do sucesso da distribuição ultramarina da Crónica Feminina, à delegação portuense seguiram-se sucursais em Lourenço Marques (1960) e em Luanda (1961). O melhoramento da distribuição no Ultramar foi um importante motor do aumento da tiragem das publicações periódicas da Agência.

Entretanto já a Crónica Feminina se tornara uma verdadeira marca sob a qual se publicava, não apenas uma revista, mas um conjunto delas: o Almanaque anual, com o formato da Plateia, e números aperiódicos sobre culinária, modas, decoração e beleza. Em 1964 a revista de culinária, sem dúvida a de maior sucesso, tornou-se bimensal, também ela com o formato da Plateia e impressão parcialmente a cores.

  
     
 

A 1 de Outubro de 1962 foi posta à venda uma revista quinzenal de um novo tipo. Cada número incluía uma história romântica apresentada, não sob a forma de fotonovela, mas de banda desenhada, aliás de boa qualidade gráfica, com capas de origem estrangeira. A revista chamava-se Salomé e custava 2$50. Com o nº10, ou porque se tivessem esgotado as histórias compradas, ou porque fosse decidido reformular a oferta para melhorar as vendas, a revista acabou na forma de banda desenhada, passando, no número seguinte, à de fotonovela nacional.

O nº 11 incluiu, assim, uma novela original de Alice Ogando interpretada por um então muito jovem Rui de Carvalho e por Ângela Ribeiro, com capa de Carlos Alberto. A revista teve mais quatro números que incluíram fotonovelas segundo originais de Alice Ogando e de Ema Paul, acabando no nº 15. Foi a primeira e a última tentativa da Agência de criar uma revista própria baseada em fotonovelas nacionais de qualidade superior à média.

  

 

 

  
 

Entretanto, talvez inspirados pelo sucesso da reformatação da Plateia, os responsáveis da Agência decidiram reformular o Mundo de Aventuras, cuja circulação tinha caído de forma preocupante nos últimos meses.

Com o nº 512 (de 2 de Julho de 1959), a revista passou a ter 32 páginas a preto e branco no formato 21x14cm, ao preço de 2$00. Incluía histórias completas e passatempos, com capa fotográfica de origem estrangeira, envernizada e a cores.

Os números seguintes publicaram aventuras de um lote diverso de heróis, incluindo Mandrake (na época chamado "D. Enigma"), Tarzan, Flash Gordon e outros. No entanto metade dos números publicados eram dedicadas a heróis do faroeste e a partir do nº 538 (de Janeiro de 1960) a revista passou a publicar, como história de capa, apenas aventuras ditas "de cowboys".

  
      
 

Nesta época as capas fotográficas tinham já sido abandonadas a favor de capas desenhadas. Carlos Alberto Santos assegurou a sua produção durante mais de dez anos e foi, assim, o autor de uma sucessão de mais de 500 capas coloridas, record que creio nunca ter sido igualado em qualquer outra publicação da Agência. Algumas destas capas contam-se entre os seus trabalhos mais memoráveis.

Durante três anos o Mundo de Aventuras manteve-se como uma revista de histórias do Oeste americano, com raras inclusões de outros heróis em pequenas histórias que completavam a paginação quando a história da capa era demasiadamente curta. Ocorreu, assim, um vazio da oferta em relação a outros géneros. Para o colmatar foi desenvolvido um novo conceito: as histórias policiais, de ficção científica, etc – seriam publicadas em revistas separadas, inicialmente consideradas como edições mensais suplementares do Mundo de Aventuras.

  
      
 

Foi assim que em finais de 1960 (provavelmente no dia 1 de Novembro) foi publicado o primeiro número da revista Policial, enquanto que no dia 15 do mesmo mês saíu primeiro número da revista Espaço, incluindo exclusivamente histórias de ficção científica.

Mas havia ainda um largo leque de heróis de grande aceitação entre os leitores cujas aventuras só podiam ser publicadas no Condor Popular (Mandrake, Fantasma, Tarzan, etc.). Foi, por isso, criado um novo suplemento mensal do Mundo de Aventuras, chamado Selecções, de que o primeiro número foi publicado em Março de 1961.

A revista Selecções não estava limitada a qualquer género em particular e podia, por isso, albergar todos os heróis mais populares que não tivessem lugar nas duas revistas especializadas.

  
     
 

A família do Mundo de Aventuras só foi completada em Março de 1963. O sucesso dos "suplementos" (em especial das Selecções) tinha sido encorajador e por isso o grupo foi complementado com uma nova revista, Guerra, dedicada a histórias de natureza bélica, em geral tendo a Segunda Guerra como pano de fundo. Cada revista saía numa semana diferente do mês, de maneira que em cada semana era posto à venda um número do Mundo de Aventuras e um dos seus "suplementos". Todas estas revistas tinham o formato do novo Mundo de Aventuras (32 páginas 21x14 cm a preto e branco e capa a cores). Os primeiros números das revistas Policial e Espaço tinham capas envernizadas, impressas em papel grosso de boa qualidade.

A imagem gráfica de todas estas revistas, tal como a do Mundo de Aventuras, deveu-se a Carlos Alberto Santos que também ilustrou todas as capas. As dos primeiros números de Policial e Espaço são particularmente notáveis.

   
      
 

Por qualquer razão os responsáveis da Agência interessaram-se por um formato de revistas oblongo, cuja largura era muito superior à altura. Em 1957 tinham já lançado uma pequena revista de banda desenhada no formato ao baixo 8x18,5cm, baseada em histórias italianas, chamada Colecção Maravilha. A iniciativa não teve sucesso, tendo sido publicados apenas dez números.

  
      
 

Em Maio de 1959 foi lançada outra revista oblonga, a Colecção Águia, desta vez com 15,5x22,5 cm. Tratava-se de uma revista quinzenal de BD que privilegiava as histórias de cowboys. Cada número tinha, também, 32 páginas a preto e branco e capa a cores.

A editora tinha já anteriormente segmentado o mercado e lançado revistas que procuravam servir as diversas faixas identificáveis. Mas a Colecção Águia apostava na mesma procura do Mundo de Aventuras. Conclui-se, portanto, que a circulação elevada da revista semanal sugeriu uma periodicidade ainda mais curta e como esta não era viável dentro do mesmo título, lançou-se uma revista distinta pelo nome e pelo formato mas que, na prática, pretendia transformar o Mundo de Aventuras numa revista publicada três vezes em cada quinzena. No entanto a Colecção Águia custava 2$50 contra os 2$00 do Mundo de Aventuras e compreensivelmente teve um sucesso muito limitado, como comprova a sua raridade actual.

  
      
 

Havia uma outra revista semanal de banda desenhada com assinalável êxito. Era o Condor Popular, que se publicava aos sábados e custava 1$00. Também neste caso se pretendeu reduzir a periodicidade, mas o erro da Colecção Águia vs. Mundo de Aventuras não foi repetido...

O nº 1 do Ciclone foi lançado em Junho de 1961. Era um clone absoluto do Condor Popular: tinha o mesmo formato, o mesmo número de páginas, publicava histórias dos mesmos heróis e também custava 1$00... mas saía às Terças-feiras! Teve também um sucesso semelhante ao da revista que lhe dera origem, tendo sido publicado na mesma forma básica durante vários anos.

  
      
 

Referi, atrás, o investimento feito neste período em autores nacionais, mencionando as colecções que reuniram a sua produção. Mas ainda não mencionei a última dessas colecções, devido à sua especificidade.

De entre a literatura para jovens com mais sucesso em Portugal nesta época sobressaíam as obras de Enid Blyton, em particular As Aventuras dos Cinco, publicadas pela Editorial Notícias. Alice Ogando publicara em 1948 um livro infantil de aventuras chamado "Cinco brancos e um preto" e a própria Alice Ogando deve ter proposto utilizar personagens inspirados pelos do livro de 1948 numa série de livros infantis chamada 5 Brancos e 1 Preto. Tratava-se das aventuras de seis crianças e um cão em que o facto de uma das crianças ser negra se inseria confortavelmente numa campanha governamental então em curso que destacava a multirracialidade do País (à esquerda os pequenos heróis na capa do segundo volume da série).

   
      
 

No início de Outubro de 1961 foi, assim, posto à venda "O Mistério do Poço" anunciado na Crónica Feminina como "romance juvenil de Alice Ogando. As férias aproveitadas a bem da humanidade e a camaradagem que liga estes cinco rapazes de condição diferente, de cor diferente, provam exuberantemente como é fácil a comunhão das almas e a solidariedade humana".

A série viria a incluir vinte títulos que se somam aos outros originais portugueses que se ficaram a dever ao labor editorial da Agência Portuguesa de Revistas, todos com capa e excelentes ilustrações interiores de Carlos Alberto Santos – essas ilustrações são, aliás, outro detalhe inspirado pelos livros dos Cinco de Enid Blyton (ao lado uma das ilustrações do nº 1).

  
      
 

Uma outra iniciativa editorial da mesma época foi a colecção infantil PI-PI (o emblema era uma galinha!), cujo nº 1 foi lançado no dia 15 de Outubro de 1961. Tratava-se de livrinhos de 16 páginas no formato 14x10cm, cada um com um conto infantil anónimo, com capa a cores e ilustrações interiores a cor e preto e branco. O preço inicial era 1$20, logo aumentado para quinze tostões.

A Colecção PI-PI teve um sucesso assinalável como atestam os numerosos títulos. Além dos contos de encantar do costume, incluía curiosas histórias morais. A minha favorita pessoal é a do nº 58 "O Pequeno Chinez" sobre um miúdo asiático de quem os brancos troçavam por ser diferente. Mas salvou o Toneca de morrer afogado e o livro termina com o pensamento "... as raças não tornam os homens superiores mas os seus gestos, as suas acções e, neste caso, o de raça mais nobre – porque não confessar? – era o chinês"...

  
      
 

No campo das publicações para cinéfilos houve poucas novidades nestes quatro anos. Em Abril de 1962 foi lançada a colecção Romancine, em que autores nacionais romanceavam os argumentos de filmes estrangeiros. Tratava-se, apenas, de uma remodelação da antiga Colecção dos Grandes Êxitos do Cinema Mundial, agora com novo formato, ilustrações fotográficas e dois filmes em cada volume.

O sucesso da Plateia resultou na alteração da sua periodicidade, no Outono de 1961, de quinzenal para trimensal. Entretanto já o sucesso da pequena revista Cinema tinha gerado um spin-off chamado Cine-Mistério. Com o formato de Cinema e pelos mesmos 1$50 propunha semanalmente um filme genericamente classificado como "mistério" mas incluindo, na verdade, géneros tão diversos como o policial, a ficção científica, a guerra, e o faroeste. O nº 1 da primeira série (à esquerda) foi lançado em Fevereiro de 1959 mas a revista durou apenas cerca de seis meses.

  
   
  
 

Uma das publicações iniciadas nesta época que não só perdurou como até teve uma certa relevância foi a revista Mamãs e Bebés. Originalmente lançada a 1 de Outubro de 1960 (o mesmo dia em que foi lançada a História de Lisboa) como parte das iniciativas do ano editorial que então se iniciava, tinha 22 páginas de pequeno formato e custava 1$50.

A revista foi suspensa alguns meses mais tarde. No entanto a ideia parecia boa demais para ser abandonada e Mamãs e Bebés foi reformulada no formato da nova Plateia e com o mesmo aspecto gráfico. Um novo nº 1 foi posto à venda no dia 1 de Abril de 1962. A revista, dirigida por Isa Meireles de Sousa Martins (a partir do nº 18 Maria Carlota Álvares da Guerra) era quinzenal, tinha 32 páginas e custava 4$00. Tinha um conteúdo variado, tal como a Crónica Feminina, mas uma melhor apresentação gráfica. A revista durou cerca de dois anos nesta forma mas, talvez por ser demasiadamente cara, foi reformulada sob a direcção de Mário de Aguiar tornando-se uma espécie de figurino de modelos pré-natais, infantis e juvenis sem qualquer interesse. Alguns meses mais tarde recomeçou a integrar conteúdos mais variados.

   
      
 

Se o sucesso de uma nova edição se pode avaliar pelos números publicados, então a despretensiosa publicação de contos do faroeste lançada no Outono de 1961, sob o nome de Colecção Cowboy (à esquerda o nº 15), foi o grande sucesso desta época.

Inicialmente tratava-se apenas de livrinhos numerados, como a colecção Amorzinho, com uma história de cowboys em 64 páginas no formato 12,5x8,5cm, ao preço de 1$50. A ideia seria, como em vários outros casos, oferecer um produto à faixa dos apreciadores do género com menor poder económico.

Amorzinho, a colecção mais barata até então, custava 2$50. assim, a Colecção Cowboy tornou-se o romance de mais baixo preço da Agência. Talvez reconhecendo a preferência dos homens pela imagem gráfica, cada número era ilustrado com seis desenhos originais que hoje constituem o maior interesse da série.

   

 

Os primeiros números da "revista" (que assim viria a ser chamada no futuro pela própria Agência, provavelmente por causa da periodicidade semanal) nem sequer mencionavam na capa o nome da colecção. A partir do nº 9 passaram a incluir, na contracapa, a reprodução de um cromo da História de Portugal, o que constituiu outra inovação que mais tarde se difundiria.

No quinto mês de publicação foi finalmente introduzido o cabeçalho "COLECÇÃO COW-BOY" e o pé de página "ILUSTRADO COM 6 DESENHOS", que ficaram indissociavelmente ligados à colecção. Mas só vários anos mais tarde a "revista" passou a poder ser assinada pelos leitores interessados em receber semanalmente cada novo número pelo correio.

Em tempo, o sucesso da Colecção Cowboy iria dar origem a uma nova geração de publicações, aliás largamente plagiadas. Apesar disso a colecção original manteve o seu lugar nas preferências dos leitores, sendo publicada até aos anos 80.

  
          


A 1 de Março de 1962 a Agência Portuguesa de Revistas comemorou o seu 14º aniversário. Mário de Aguiar era um homem que gostava de convidar amigos e colaboradores para restaurantes do seu agrado. Por isso, todos os anos o aniversário era comemorado com um almoço que reunia todo o pessoal. Em 1962 organizou uma excursão de quatro dias a Madrid e o almoço comemorativo realizou-se em viagem, no Parador de Mérida.

Esta excursão tornou-se mítica entre os funcionários e colaboradores da Agência e, depois do regresso, foi mesmo publicado um pequeno volume comemorativo para os participantes, com o formato da Crónica Feminina, cuja bela capa de Américo Táboas emulava trabalhos de Norman Rockwell. O livrinho inclui textos originais alusivos à actividade da Agência e à viagem, e fotografias de muitos colaboradores com curtas notas historiando a sua ligação à editora. A publicação retrata bem o clima de optimismo vigente. Na Agência fala-se de uma comemoração ainda mais ambiciosa no ano seguinte: uma deslocação a Paris... mas não havia de ser.

No período que termina em 1962 a editora teve mais um ímpeto de criatividade, talvez espicaçada pela concorrência da Ibis. Mas os anos seguintes seriam de relativa estagnação no que diz respeito ao lançamento de novas publicações periódicas e de desinvestimento nos autores nacionais. Tal como arbitrariamente tomei a cisão com a Ibis como o início da idade de ouro da Agência Portuguesa de Revistas, assim tomo agora a viagem de 1962 a Madrid como o seu termo. Nunca mais haveria uma Primavera assim tão brilhante, nem tanto optimismo...



AGRADECIMENTOS





     
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