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2- GLÁDIO (de Fernando Pessoa)
       
Voz 1  
Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

 

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.

 

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
God gave me his glaive for me to wage
His holy war.
He made me his own in honour and disgrace,
At the time when a cold wind blows
Over the cold land.

 

He put his hands on my shoulders and gilded
My brow with his gaze;
And this fever for the Beyond that consumes me,
And this want for greatness, are His name
Throbbing inside me.

 

And I go forth and the light of the glaive aloft glints
On my calm countenance.
Full of God, I fear not what will come,
Because come what may, it will never be
Greater than my spirit.
   

 

Index of poems with explanation and readings

2007, September 03
     
  • João Manuel Mimoso