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Um caricaturista talentoso
é um homem com considerável poder, uma vez que tem a escolha
dos caracteres (faciais ou outros) que irá salientar ou minimizar.
Em caricaturas de um mesmo presidente americano, um autor
pode transmitir a imagem de um saloio estúpido (bastando para
isso aumentar o tamanho das orelhas e cruzar os olhos); outro
pode transmitir uma imagem respeitosa ou neutra (não exagerando
qualquer pormenor fisionómico); ou até simpática (acentuando
o sorriso e subindo a testa), etc...
O verdadeiro talento
baseia-se na capacidade que o caricaturista tem de determinar
os pormenores fisionómicos mais relevantes e transmitir a
parecença do caricaturado, se assim o desejar, através da
representação humorística de um número mínimo desses caracteres.
Esse talento é muito raro e por isso merece, no caso
de José Vilhena, menção especial.
A carreira de
Vilhena como caricaturista pode ser dividida em três fases:
a primeira nos anos 50, para a revista "O Mundo Ri"; a segunda
nos anos 70, a cores, com a "Gaiola Aberta"; finalmente a terceira, a partir do final
dos anos 80 com o "Fala Barato".
As duas imagens ao
lado foram reproduzidas do número de Outubro de 1955 da revista
O Mundo Ri e ilustram a fase inicial da carreira de Vilhena
como caricaturista. Nos anos seguintes Vilhena caricaturou
finalistas universitários para os respectivos livros de curso,
mas toda a sua outra obra até ao 25 de Abril só ocasionalmente
incluíu a caricatura.
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Na Gaiola Aberta, por
outro lado, Vilhena começou verdadeiramente a exercer os seus
dotes de caricaturista desde o número inicial em que o general
Spínola (ao lado de Camões) é figura de capa enquanto que
Salazar Hitler e Mussolini (na companhia de três mal-humorados
diabos) ocupam as páginas centrais.
Mas, ou porque ainda
estivesse a adaptar-se à nova situação, ou porque fosse essa
a sua inspiração na época, a maior parte das caricaturas do
periodo inicial da revista têm características muito mais
próximas da ilustração do que os trabalhos a que mais tarde
nos viria a habituar, como demonstram os exemplos à esquerda
e em baixo.
Fidel parafraseando
Otelo Saraiva de Carvalho: "se eu tivesse menos cultura política
podia ser o Otelo da América" representa, apesar do comedimento,
uma das ilustrações mais caricaturais dessa época.
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A ilustração ao lado
(1975), publicada por ocasião da morte de Franco, é típica
do estilo dos três primeiros anos da Gaiola Aberta.
A partir de 1977, Vilhena
publicou algumas caricaturas notáveis, em particular nas contracapas.
No entanto, nelas, o elemento humorístico encontrava-se, em
geral, no enquadramento em que o personagem era representado
e não na caricatura propriamente dita. A fabulosa caricatura
de Mª João Seixas, abaixo, constitui uma excepção
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À direita, caricaturas
publicadas nos últimos anos da Gaiola Aberta em que Vilhena
foi compondo um novo album de glórias (e outro de anti-glórias)
nas contra-capas. |
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O nº1 do jornal Fala
Barato iniciou uma série de inovações (entre rubricas, soluções
estilísticas e grafismo) que se sedimentou a partir do nº4
num estilo coerente que seria mantido ao longo da vida desse
título.
De particular interesse
é a sucessão de caricaturas de grande qualidade humorística
e gráfica. As caricaturas dos números iniciais eram mais trabalhadas,
mas depois do jornal dar lugar à revista, Vilhena praticou
a caricatura com crescente segurança e, ou por demonstração
de mestria, ou porque a paciência e o tempo lhe faltassem
chega a caricaturar personagens públicas com meia dúzia de
traços sem prejudicar o seu imediato reconhecimento.
Os exemplos à esquerda
e abaixo representam o periodo 1987-1994 (desnecessário será
lembrar que os visados eram 10 a 15 anos mais jovens do que
na actualidade)...
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João
Manuel Mimoso
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