A ETIQUETA ALVORADA

 
 

 

 

A etiqueta "Alvorada" da empresa portuense "Rádio Triunfo" existia já na primeira metade dos anos 50 como editora de discos de 78rpm (à esquerda a etiqueta da faixa FPD 276 da Alvorada). A mesma empresa editava também as etiquetas "Melodia" e "Carioca", esta última dedicada à música brasileira.

Em 1957 a Rádio Triunfo iniciou a edição de discos de vinil 45rpm com a sigla MEP 60 xxx. As primeiras edições tinham as características seguintes:

     
 
  1. logotipo "Alvorada discos" ( presente na face ou/e no verso da capa, em geral com letras abertas num rectângulo negro ou com letras negras sobre fundo de qualquer cor). Além deste também ocorria o logotipo "Alvorada" sobre uma mancha de cor, como nas etiquetas dos discos (ver capa MEP 60020 abaixo), mas o logotipo rectangular estava, em geral, também presente;
  2. texto "Este disco pode fazer parte da vossa colecção durante anos..." inserido verticalmente no verso, em tipo pequeno (ver abaixo no verso do MEP 60043 (Shegundo Galarza 3);
  3. etiqueta do disco azul ou negra (ou, muito raramente, violeta) com a metade superior prateada;
  4. capa em cartolina grossa, amarelada e sem verniz.

À esquerda uma capa original de 1957 (MEP 60 006) com o logotipo rectangular na face. Abaixo etiquetas (MEP 60018 e 60004) e versos de capas (MEP 60004, MEP 60043; MEP 60020) e ainda a frente da capa do MEP 60 020 com o logotipo "Alvorada" usado nas etiquetas (notar que no verso desta capa se utiliza o logotipo quadrado).

 

 

     

Da esquerda para a direita- MEP 60018 (original); MEP 60073 (brilho integral); e MEP 60097 com a folha de celofane a terminar a cerca de 1cm da lombada (limite indicado pelas setas brancas) que se tornou, durante vários anos, o acabamento típico das capas.

 

Durante 1957 e 1958 verificaram-se as seguintes alterações:

  • o logotipo "Alvorada discos" e o texto vertical foram abandonados cerca do MEP 60 050 ocorrendo o logotipo episodicamente em capas reaproveitadas de referências mais antigas;
  • cerca do MEP 60 060 as capas passam a ter um acabamento brilhante dado pela aplicação de uma folha plástica (espécie de celofane) sobre o cartão já impresso. Inicialmente o acabamento era aplicado na frente e prolongava-se sobre o verso de forma variável, chegando a cobri-lo na totalidade.. Tinha brilho e aspecto variáveis, mas antes do MEP 60 100 estava estabilizado um processo que dava às capas um alto brilho (as folhas plásticas eram identificadas como "cristalfan") e que, para reduzir os custos, era aplicada apenas na frente, dobrando para o verso e terminando numa "costura" a cerca de 0,5 cm da lombada. A esta pequena faixa do verso ainda revestida corresponde um brilho diverso da restante área que identifica a generalidade das capas com este acabamento (ver imagem à esquerda). A cartolina destas capas é mais fina e em geral mais clara do que a utilizada inicialmente;
  • cerca do MEP 60 100 são introduzidas novas etiquetas ainda nas cores negra e azul mas em que o prateado está reduzido ao logotipo (ver imagens abaixo). Quase a seguir é introduzida uma etiqueta vermelha, já sem prateado, que coexiste com as outras durante alguns meses mas acaba por se tornar a única utilizada.
     
   

As primeiras edições Alvorada devem ter tido tiragens muito limitadas (da ordem das edições da etiqueta Estoril, anteriores, que tinham tiragens de 1500 a 2000 discos). Por isso, muitos discos eram reeditados uma, duas, ou mais vezes (como sucedeu com os discos de Amália Rodrigues e de João Villaret, que se mantiveram no catálogo durante mais de uma década e devem ter tido mais de uma dezena de reedições).

As reedições tinham as características da época em que eram produzidas incluindo capas alteradas. A título de exemplo ilustra-se abaixo sucessivas edições do MEP 60018 - a 2ª de 1957 (já sem o texto vertical da contracapa); a 3ª (?) de 1958; e uma edição (4ª?)de 1960 com uma nova capa.

     
     
    Um amigo explicava-me há alguns dias que em Portugal não se apreciam os discos pelas edições. Tentando remediar isso, peço que considerem as imagens abaixo que comparam duas edições do MEP 60 007: a primeira, de 1957, e uma outra posterior, de meados da década de 60. As imagens estão aumentadas para vosso estudo, esperando que consigam apreciar o extraordinário trabalho gráfico da primeira (jogo de cores perfeito; qualidade da reprodução da fotografia do malogrado artista; e harmonia tipográfica) que transmite uma mensagem de qualidade do produto. Por comparação na segunda os tons foram alterados e tornaram-se desconexos, a fotografia perdeu a profundidade e tornou-se vulgar e até os caracteres dos textos foram abaixados e compactados de uma maneira que prejudica a harmonia do conjunto!
   
     
   

Abaixo a harmonia despretenciosa da capa da primeira edição do primeiro EP da Alvorada, o MEP 60 001.

Mais abaixo a capa e contracapa da primeira edição do MEP 60 048 comparadas com uma edição dos anos 60.

     
     
     

Nota: este texto representa o estado actual dos meus conhecimentos. À medida que vá obtendo mais dados irei precisando as referências de início de cada alteração gráfica.

Procuro colecções de discos Alvorada dos anos 1957-1964 de todas as séries de música nacional e poesia (45 e 33,3 rpm) bem como catálogos ou documentação sobre as edições da marca. Propostas para joaom.mimoso@gmail.com

Índice
2008-04-22