Várias editoras tentaram seguir o exemplo dos Livros do Brasil, aspirando a um sucesso semelhante. Uma delas, a Ulisseia, investiu também em títulos de autores consagrados, entremeados com outros de menor difusão. Infelizmente, em vez de lançar uma coleção unicamente de ficção científica, lançou uma que misturava com eles títulos de aventuras (em geral "cowboys") e policiais perdendo o incentivo que constituía a colecção de uma sequência ininterrupta de números. Também falhou (surpreendentemente) em reconhecer a contribuição das capas, enquanto que as editoras americanas e inglesas já capeavam a ficção científica com imagens coloridas e sugestivas há mais de trinta anos e, tanto a Argonauta, como a Espaço lhes tinham seguido o exemplo. Não é que falte mérito ao trabalho de Luis Filipe Abreu (a capa de O Declínio de Marte é soberba e a de Fundação ficou-me indelevelmente gravada na memória) mas os aficionados da FC são sonhadores e o grafismo deve ter isso em mente..

A colecção acabou por reunir sete títulos com números saltando de três em três, dispersos pela interposição das outras séries, e é lembrada hoje sobretudo por publicar pela primeira vez em Portugal Fundação de Isaac Asimov. Com uma excelente tradução de Carlos Campos, reli o livro uma dezena de vezes até porque a argumentação lógica apelava à mente analítica de quem tinha, aos seis anos, escolhido ser engenheiro. E vi como uma tragédia as sobras que a Ulisseia tentava vender, ano após ano durante quase uma década, a preço de saldo na Feira do Livro.

Por causa dos direitos adquiridos pela Ulisseia, a Argonauta só pôde inicialmente publicar os dois outros volumes da trilogia: Fundação e Império e Segunda Fundação, que assim apareciam amputados do livro capital (e de longe superior aos outros dois volumes).

João Manuel Mimoso, 13 de Novembro de 2011